domingo, 15 de janeiro de 2012

eu.

(fevereiro, 2010)

gosto de surpresas.
gosto do riso dos meus sobrinhos e do olhar da minha mãe.
gosto de iogurtes.
de estar à mesa com quem gosto.
gosto de gostar.
gosto da sunrise da norah jones quando vou a conduzir.
gosto de bolachas e de chocolate.
do cheiro da canela e das maçãs.
gosto de m&ms.
gosto de pão de deus ao pequeno almoço.
gosto de cat power ao adormecer.
durmo apenas as horas suficientes para aguentar um dia comigo.
não gosto de esperas.
gosto de calçar havaianas depois de meses de botas.
gosto de post it's.
gosto de ice tea de manga.
não gosto de sorrisos amarelos e fazer coisas contra vontade.
gosto de calças de ganga.
gosto de ter o cabelo escuro.
gosto de óculos de sol.
de mentos, smints e de maçãs verdes.
gosto de rir.
gosto de trailers, de séries e adormecer a ver um filme.
gosto de uma mensagem depois de um telefonema e uma ao acordar.
gosto de pronúncias.
gosto do phantom of the opera.
do pianista.
gosto muito de me perder.
gosto de abraços apertados e de beijos prolongados.
gosto de mimo. e beijos na nuca.
gosto de limão.
gosto de muralhas e castelos.
gosto de respirar fundo e recomeçar.
gosto de sorrisos.
gosto de ir a jardins.
gosto do ridley scott e pollanski.
do ennio morricone.
gosto de ver filmes sem legendas.
de filmes em francês.
gosto do adrian brody.
da voz do russell crowe.
dos metallica, priest e maiden, e de filmes lamechas que me fazem chorar.
de ouvir sinatra e dançar, dançar, dançar.
gosto de estar sozinha em casa.
gosto de roxo e encarnado.
gosto de flores.
de beijos inesperados.
gosto de escrever com canetas azuis.
gosto de música alta.
não gosto de leite.
gosto de queijo.
e de peixe.
gosto do vento no meu cabelo.
gosto de reuniões de família.
de passar horas em livrarias.
de pelourinhos e coretos.
gosto de clássicos e derbies de futebol.
de ir a bola com o mano.
gosto de café.
gosto de feiras e festas medievais e celtas.
gosto de nomes.
gosto de escrever numa folha de papel.
não gosto dos meus amuos.
gosto de me deitar e daqueles minutos entre o acordada e o adormecer.
gosto de ronha.
gosto de um beijo ao acordar.
gosto de olhar para as pessoas e imaginar-lhes uma vida.
gosto de conversar horas a fio.
gosto de tigres e cócegas.
gosto de compras.
gosto de londres.
de lembranças e do desconhecido.
gosto de andar descalça.
gosto de ir ao chiado.
gosto da fox life.
do cinema monumental.
gosto do pôr do sol.
gosto de andar a pé.
de improvisos.
gosto de barba por fazer.
do neil gaiman.
gosto de pergaminhos e mundos paralelos.
gosto de estórias bem contadas.
gosto muito de História.
gosto do sul e do calor.
gosto sem planos nem pressas.
gosto de manhãs.
gosto de estantes com livros.
gosto de klimt e uccelo e velásquez.
gosto de pintar.
gosto da diana krall.
gosto da alice e do gato.
gosto de chapéus.
gosto de mitos e batalhas.
gosto de observar e da tradição.
gosto da visão.
não gosto de pensar demais.
gosto de pormenores.
de escadinhas e recantos e miradouros.
dos clã.
não gosto de favas.
gosto de simetrias.
gosto de cozinhar.
e de dragões e neve.
gosto de ler e pensar, é isto mesmo.
gosto de viajar.
e de barcos e praia.
gosto de um copo no bairro.
gosto da expo.
gosto de silves e de lagos e de évora.
de sussurros.
gosto de nós quando estamos juntos.
gosto de sentir que é recíproco.
não gosto de desfazer malas.
gosto do número 14.
gosto de 5as.
gosto de saber o nome de muitos actores e letras de músicas dos anos 80 e 90.
gosto de folk e de indie rock.
de mpb.
gosto das palavras musicadas do palma e do reininho.
gosto da Lisboa que amanhece quando chego ao marques.
da ella e da nina simone.
não gosto de quando me mandam calar.
gosto de ter saudades.
gosto de pedir desculpa e ficar tudo bem.
custa-me a ingratidão, a arrogância e a falta de humildade.
gosto de facebookar.
não gosto de me viciar.
gosto do cheiro e som do mar.
gosto que me digam que estou errada, que me expliquem porque estou errada e me ensinem a ser melhor.
gosto de aprender.
tenho a mania de trocar de mala conforme a cor da roupa.
não gosto de falhar nem de quando me falham.
gosto do meu perfume.
do guincho e da meia praia.
não gosto quando estamos separados muito tempo.
gosto mesmo de livros e música e chá.
gosto de me sentir melancólica em dias de chuva.
gosto de conversas no carro à porta de casa.
gosto de fotografias a preto e branco.
gosto da lua.
do fogo.
gosto de beber chá antes de ir para a cama.
gosto de sonhos e do horizonte.
gosto de cenas e coisas fora de época.
não gosto de carnaval.
gosto de estrelas e símbolos.
gosto do meu nariz e dos meus olhos.
e do meu sorriso.
gosto de desafiar sentidos proibidos.
de olhares que decidem.
gosto de ser mulher.

gosto de ser eu.

e quando gosto gosto mesmo.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

cenas

"I have a tendency not only to see the best in everyone, but to assume that everyone is emotionally capable of reaching his highest potential. I have fallen in love more times than I care to count with the highest potential of a man, rather than with the man himself, and I have hung on to the relationship for a long time (sometimes far too long) waiting for the man to ascend to his own greatness. Many times in romance I have been a victim of my own optimism."

Eat, Pray, Love by Elizabeth

(copiado à descarada http://asnovenomeublogue.blogspot.com/ :)) )

segunda-feira, 26 de julho de 2010

em arrumações...



Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

...Adeus.

(Eugénio de Andrade)

sexta-feira, 9 de julho de 2010


Há dias em que as palavras faltam. Os sentimentos e emoções convivem dentro de nós num turbilhão que não quer parar. Dias escuros onde só nos apetece ficar sós. Dias em que queremos apenas fechar portas e janelas ao mundo. Dias em que nos apetece hibernar, fugir, comprar um bilhete só de ida. Dias em que nos apetece estar longe... simplesmente ir. Dias que gostaríamos simplesmente dormir e estarmos alheios do que se passa à nossa volta. Dias em que certamente estaríamos OFF se tivessemos um botão que nos permitisse ficar assim. Dias em que nos temos que desligar e parar.

não gosto destes dias. Não consigo evita-los. Mas acho que ás vezes é preciso parar e só depois avançar de novo, com mais segurança, com mais ânimo e com outros olhos.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

o que eu gostava

Gostava de ter coragem para admitir que ando triste. Que há semanas em que me apetece chorar todos os dias. Que às vezes me sinto igual a toda a gente, que não me sinto eu ultimamente, que houve aqui um botão qualquer que se avariou e eu ainda não consegui perceber qual é e não tenho caixa de ferramentas. Gostava de poder pegar no telefone e contar que às vezes soluço como quando era pequena. Que tenho saudades das minhas músicas mas não tenho vontade de as ouvir. Que me sinto cansada e desmotivada mas não há mais nada que eu gostasse de fazer. Gostava de ter coragem para dizer que quero encontrar o meu lugar num lugar diferente. Gostava de não sentir que tenho obrigação de parecer feliz todos os dias. Gostava de não estar no meio de sítio nenhum, entre as borboletas e a estabilidade. Gostava de voltar a acreditar. Gostava de sentir que posso ser eu, que posso ter coragem e admitir que ando triste e ninguém vai fugir. Gostava que não se esquecessem das promessas que me fazem e que não se esquecessem de dizer olá de vez em quando. Gostava de ser menos perfeccionista e aliviar um pouco a pressão que ponho sobre mim mesma. Gostava de poder reclamar por a luz estar acesa e isso não fazer de mim uma pessoa chata, apenas presente. Gostava de saltar sempre o Inverno e passar um mês inteiro ao sol. Gostava de saber o que dizer mais vezes. Gostava que não fosse tão difícil estar de repente com quem me faz falta. Gostava de acreditar que vou voltar a ser optimista. Gostava de ter coragem para admitir que ando triste.

Mas se o disser alto passa a ser verdade.